terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uva-ursina, Saúde da Função Urinária

Infecções urinárias, doenças inflamatórias da bexiga e da próstata. A uva-ursina, assim chamada por constituir a base da alimentação dos ursos, promove e assegura a saúde da função urinária.

Nome Comum: Uva-ursina
Outros Nomes: Buxulo, medronheiro-rojante, medronheiro-ursino, uva-de-urso, bearberry e red bearberry (inglês), gayuba del pays (espanhol), raisin d’our (francês) uva ursina (italiano), bärentraube (alemão)
Sinónimos: Arbutus uva-ursi L.

A uva-ursina é um subarbusto oriundo do Norte da Europa e da Ásia, que actualmente se encontra disperso pelas matas do Hemisfério Norte, Europa e América do Norte. Pode atingir um metro de altura, embora o porte médio se situe nos 30 cm. De caules longos mas rasteiros, a uva ursina tem pequenas folhas perenes, inteiras, carnudas e verde-escuras; as flores são branco-rosadas e dispõem-se em grupos de 3 a 15, nas extremidades dos eixos gerados no ano anterior, e os frutos são pequenas bagas vermelhas.

O nome “uva-ursi” é a expressão latina para uva-de-urso, adoptada não só porque os ursos comem as bagas da planta, mas também provavelmente porque o seu sabor desagradável as tornas impróprias para consumo humano e apropriadas à alimentação destes animais.

Tradicionalmente, as folhas e as bagas desta planta sempre foram utilizadas pelos povos indígenas de latitudes nórdicas. Os nativos americanos combinavam as folhas secas de uva-ursina com folhas de tabaco e fumavam-nas como narcóticos ou para acalmarem dores de cabeça. Era habitual ainda prepararem tónicos e infusões diuréticas para tratamento de infecções nas vias urinárias, doenças venéreas, dores de costas, e excesso de peso.

Na Europa, nomeadamente na Escócia, existem registos da utilização fitoterapêutica das folhas secas de uva-ursina que datam do século XIII. Arctostaphylos uva-ursi foi descrita pelo botânico Clusius em 1601, e recomendada por vários médicos alemães a partir de 1763. Na farmacopeia londrina a uva-ursina foi enunciada pela primeira vez em 1788, ainda que se saiba já ser utilizada na Grã-Bretanha desde o século XIII.

Os primeiros colonos europeus a instalarem-se na América utilizavam internamente a planta para tratar casos de nefrite, pedras nos rins e outras afecções do tracto urinário.

Defensora do tracto urinário
Comercialmente, as folhas de uva-ursina são actualmente utilizadas em alguns países, como a Suécia, Noruega e Dinamarca, para curtir peles e couros, por possuírem um teor elevado de taninos. A infusão das folhas de uva-ursina tem, de facto acção diurética, anti-séptica e anti-inflamatória sobre as vias urinárias, devido à presença de glicósidos flavonóides e arbutina. A arbutina, composto que corresponde a 10 por cento do peso seco da planta, é absorvida em grandes quantidades pelo organismo e ao ser excretada pelos rins, sob a forma de hidroquinona, actua como anti-séptico e anti-inflamatório ao longo de todo o tracto urinário. É por este motivo que as folhas de uva-ursina são muito utilizadas para tratar afecções inflamatórias do tracto urinário, como sejam a uretrite, prostatite, pielonefrite e a cistite. À semelhança do que acontece com outras situações clínicas, os microrganismos produtores de infecções urinárias frequentemente tornam-se resistentes aos antibióticos e anti-sépticos habituais, pelo que a uva-ursina pode ser uma alternativa válida no tratamento de infecções urinárias. O extracto desta planta confere uma cor esverdeada à urina, sinal que não deve assustar o leitor, uma vez que é indicativo da sua acção benéfica sobre o tracto urinário.

Relembramos mais uma vez que, antes de iniciar qualquer abordagem terapêutica, deverá procurar acompanhamento médico ou técnico adequado ao seu caso, e respeitar sempre a dosagem recomendada.

Como tomar?
No caso de uma infecção urinária e da presença de urina pouco ácida poderá optar por uma decocção, feita com 50 a 60 gramas de folhas secas e trituradas de uva-ursina, humedecidas previamente durante 3 a 4 horas, fervidas durante cerca de 15 minutos em 1 litro de água. Deve beber uma chávena desta decocção de 3 em 3 horas. Para pessoas com estômagos sensíveis, e como a planta é muito rica em taninos, pode reduzir-se a gramagem para metade, ou até preparar uma maceração (o que implica apenas a demolha das folhas em água por um período de 24 horas), utilizando 50 g de folhas. Depois de coada a solução pode ser ligeiramente aquecida e tomada na posologia de 3 a 4 chávenas por dia. De referir que, neste caso, o efeito curativo da preparação é menos intensivo.

Existem ainda no mercado tintura (1:10), extracto seco (5:1), e complexos de plantas sob a forma de cápsulas que podem ser tomados, na posologia de 50 gotas, 1 a 2 vezes por dia, 0,3 a 1 g diárias, e de acordo com as instruções do fabricante. Diversos preparados farmacêuticos à base de extracto de uva-ursina poderão também ser receitados pelo seu médico, de acordo com a situação.

Toma e contra-indicações
As preparações com folhas de uva-ursina não devem ser administradas conjuntamente com medicamentos que acidifiquem a urina, pois estes reduzem o efeito antibacteriano das mesmas.

O tratamento com uva-ursina não se deve prolongar por mais de 8 a 10 dias seguidos, devido ao alto teor de taninos presente nas folhas. No caso de necessidade poderá ser repetido após algumas semanas de intervalo, mas no limite máximo de 2 a 3 vezes por ano. Pela mesma razão pessoas com sensibilidade gástrica, mulheres grávidas ou a amamentar, e crianças não devem ingerir preparações de uva-ursina. A sobredosagem poderá originar náuseas, vómitos e dores de estômago, e comprometer o saudável desempenho de órgãos como o fígado e os rins.

Por: Pedro Lôbo do Vale *
* médico




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